Leão voltou à elite do Paulistão, após 25 anos, em um domingo de Páscoa. Neste domingo, também de Páscoa, o time cai para a Série A2
O domingo de Páscoa entra para a história do Comercial Futebol Clube. O retorno à primeira divisão, conquistado no dia 24 de abril de 2011, também em um domingo de Páscoa, terminou após a vitória diante do Guaratinguetá, por 2 a 1, no estádio Palma Travassos. O triunfo do XV de Piracicaba sobre a Ponte Preta por 2 a 1 tirou qualquer chance matemática de livrar o Leão da Série A2.
O resultado foi apenas o desfecho de uma queda previamente anunciada. Contratações equivocadas, gramado ruim, tapume em volta do alambrado, resultados negativos, deficiência na parte física e, principalmente, um planejamento equivocado, foram os principais ingredientes para o insucesso do Leão na elite do Campeonato Paulista.
O globoesporte.com separou onze capítulos que marcaram o rebaixamento do Comercial neste Paulistão:
1º. Gramado ruim
A direção do Comercial decidiu trocar o gramado do estádio Palma Travassos para que o time pudesse mandar seus jogos em um campo adequado, já que a grama do tipo batatais não é considerada ideal para a prática do futebol. Porém, o plantio do novo gramado, tipo bermuda, começou atrasado, no dia 9 de dezembro de 2010. Poucos dias depois, sem o tempo necessário de 'descanso', o estádio do Comercial recebia seis jogos da primeira fase da Copa São Paulo, debaixo de muita chuva. Resultado: muitos buracos, falhas, areia e ondulações.
Logo na estreia, diante do Linense, os próprios jogadores já diziam que o gramado estava impraticável. Jogar em casa virou sinônimo de dificuldades e os próprios dirigentes chegaram a entrar em contato com o arquirrival Botafogo, para sediar os jogos no estádio Santa Cruz. A diretoria do Pantera negou qualquer chance.
2º. Pressão por resultados
Os 25 anos de jejum fora da elite do futebol paulista, fizeram com que a torcida pressionasse a direção comercialina. A cobrança por bons resultados, antes mesmo do início da competição, levou os dirigentes à comentarem abertamente que o time brigaria pelo G8 e também por uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro.
Os resultados não vieram e os discursos sofreram modificações ao longo da competição. O time brigava para não cair e os torcedores já chamavam a equipe de 'segunda divisão'.
3º. Ji-Paraná
Durante a Copa São Paulo, o Comercial anunciou a contratação de dois jogadores do Ji-Paraná.Alojados em Ribeirão Preto, o time ficou famoso graças a uma série de reportagens da Rede Globo, em que mostrava a realidade dos garotos de Rondônia.
Mesmo pouco observados, o presidente do clube, Nelson Lacerda, convocou a imprensa para anunciar as contratações do zagueiro Júnior e do atacante Gustavo.
Na época, poucos entenderam o investimento do gestor, que falava em parceria e plano de marketing. Até hoje, os dois não foram aproveitados no elenco.
4º. Muro de Berlim
Os problemas no estádio Palma Travassos não ficaram restritos ao gramado. Um tapume, de aproximadamente três metros de altura, foi colocado antes do início da competição a fim de separar os torcedores do tradicional alambrado comercialino.
Apelidado de 'Muro de Berlim', a chapa metálica deixou os torcedores revoltados, já que os mesmos não poderiam pressionar os adversários - fato bastante característico do estádio ribeirão-pretano.
O presidente do clube alegou, a época, que um Termo de Ajustamento de Conduta foi assinado. Lacerda chegou a dizer que a recomendação teria sido feita pelo presidente da Comissão de Arbitragem Marcos Marinho. Porém, o coronel desmentiu tal informação.
5º. Come-Fogo: rara felicidade
A vitória no dérbi animou o time, que venceu a partida seguinte, diante do Catanduvense, em casa, resultado que o colocou no G8.
6º. Pênalti perdido e início da queda
O Comercial chegou a ficar no G8 do Paulistão após vencer dois jogos seguidos: o clássico contra o Botafogo e o Catanduvense em casa, na terceira e quarta rodada. Na partida seguinte, contra o Mogi Mirim, o Leão do Norte vencia por 1 a 0 quando teve um pênalti a seu favor. Bombinha, que havia feito três gols em dois jogos, desperdiçou a cobrança e, no rebote, chutou para fora, sem goleiro. Após a chance perdida, o Sapão virou e, desde então, o Comercial não conseguiu mais vencer. O jejum só foi quebrado na 18ª rodada, quando o Leão superou o Guaratinguetá por 2 a 1.
7º. Dispensas e saídas
No dia 15 de fevereiro, o presidente Nelson Lacerda dispensou quatro jogadores de uma vez. Irritado com a derrota para o São Caetano, o gestor anunciou as saídas de Daniel Costa, Vagner, Cleidson e Fernando Gaúcho. Outros quatro, Tiago Marques, Oliveira, Bilinha e Romerito pediram para deixar o clube.
8º. Márcio Fernandes sai, Geninho entra
Técnico do acesso comercialino para a Série A1 em 2011, Márcio Fernandes não resistiu à derrota para o Mirassol, em casa, por 1 a 0, e deixou o clube.A derrota, na 10ª rodada, abriu espaço para a chegada de Geninho. Junto com o treinador, o clube contratou os experientes atacantes Leandro e Enílton - últimos jogadores que puderam ser inscritos no Campeonato Paulista.
O treinador disse, em sua chegada, que estava aceitando o desafio a pedido de amigos. Geninho tem parentes em Ribeirão Preto, terra onde ele nasceu. Ao ser questionado sobre o elenco do Comercial, o treinador chegou a falar que precisava acreditar que ali estavam os melhores jogadores do mundo.
9º. Empate desastroso com o Corinthians
O Comercial tinha tudo para conquistar sua primeira vitória sob o comando de Geninho.O time de Ribeirão Preto vencia por 3 a 1 até os 43 minutos do segundo tempo, quando sofreu um gol de cabeça, do atacante Gilsinho. Aos 47, veio o gol de empate, após uma falha do goleiro Alex, outro bom destaque do time na competição.
De cabeça quente, Geninho lamentou a falta de experiência do time, que não soube segurar o placar. Os próprios jogadores demonstraram decepção após o resultado.
10º. Queda de Geninho e carros são quebrados
Com seis derrotas e um empate, o técnico Geninho não resistiu à derrota para o XV de Piracicaba, por 2 a 1.O treinador, bastante sincero em sua despedida, jogou a toalha e disse que estava entregando o cargo porque o time já estava rebaixado.
A derrota para o Nhô Quim provocou a ira de algumas pessoas que invadiram o estádio Palma Travassos, onde estavam alguns carros de jogadores e funcionários do Leão do Norte. Vidros foram quebrados, latarias amassadas e pneus furados. Ao menos cinco veículos foram danificados por vândalos não identificados.
No episódio, o jogador Marcelo Labarthe publicou fotos no twitter.
- Lamentável a atitude de alguns "torcedores" covardes e babacas, que destruíram carros de jogadores no Palma Travassos! - postou o jogador no microblog.
11º. Comercial vence, mas cai
A vitória para o Guaratinguetá não foi suficiente para que o time escapasse do rebaixamento (veja vídeo). Com os três pontos conquistados pelo XV de Piracicaba diante da Ponte Preta, o Leão matematicamente caiu para a segunda divisão do Campeonato Paulista.
Elionar Bombinha, apontado como a grande revelação do Comercial na competição, foi bastante criticado após ser substituído. O jogador respondeu, batendo a mão nos braços, deixando claro que ele estava dando o sangue, independente da influência do resultado para o campeonato.
Uma vitória dentro do estádio Palma Travassos a contragosto de sua própria torcida. Um fim melancólico para a péssima campanha do Comercial no Paulistão 2012.
Fonte: Globo Esporte
0 comentários :
Postar um comentário